HOMEOPATIA:
Ciência, Filosofia e Arte de Curar


Interesse Geral 

Limites da homeopatia - Informativo APH 

Limites da homeopatia - Informativo APH

Teixeira MZ. Limites da homeopatia. Informativo APH 1998; 10(73): 15-16

 

A terapêutica homeopática, embasada no princípio da similitude e na experimentação no homem são, apresenta características próprias que possibilitam sua fundamentação segundo a racionalidade científica de todos os tempos. Com isto, queremos dizer que o modelo homeopático apresenta os pressupostos teóricos e práticos para que se atinja o ideal de cura proposto por Hahnemann no primeiro parágrafo do Organon.

No entanto, tornam-se evidentes ao homeopata sincero as inúmeras dificuldades que encontra para conseguir chegar às benesses da prescrição do medicamento ideal (simillimum) e, mesmo neste momento de extremo regozijo, as dúvidas quanto ao que ele poderá curar em cada caso específico que se lhe apresenta.

Começando pelos 'limites do homeopata', fundamental para entendermos os limites da Homeopatia, acreditamos que muitas das frustrações que possam ocorrer em decorrência da prática homeopática devam-se às expectativas absurdas e descabidas que depositamos nesta terapêutica. Apoiando-se na experiência de KENT, que se propunha a paliar os sofrimentos do paciente 'incurável', pois não acreditava no pronto restabelecimento de um paciente com vitalidade insuficiente em decorrência das lesões profundas em órgãos vitais, entendamos que não podemos esperar milagres da Homeopatia como, por exemplo, a restituição ad integrum de estruturas fibrosadas, desvitalizadas ou descaracterizadas fisiologicamente. Sempre teremos condições de fazer algo pelos nossos pacientes, mas devemos ser humildes e realistas em nossas pretensões curativas.

Quanto às dificuldades em chegarmos ao medicamento simillimum, desiderato maior, que jamais poderá ser descartado e que deverá mobilizar integralmente o homeopata, isto se explica pelo contexto complexo e totalizante da técnica terapêutica em questão. Antes de colocarmos a culpa na Homeopatia, vejamos se estamos aplicando corretamente os seus pressupostos básicos.

Estamos efetuando uma anamnese meticulosa, um 'exame individualizador de um caso de doença', descrita por Hahemann nos parágrafos 83 a 104 do Organon como premissa básica da 'atividade de um verdadeiro artista da cura'? Após o registro do caso, temos informações suficientes daquele paciente para detectarmos características específicas que o individualizem? De posse dessas características, estamos habilitados a transformar essa linguagem do paciente em linguagem sintomática ou repertorial, conseguindo com isto evidenciar os sintomas homeopáticos? Com o relato do paciente, podemos especificar os sintomas homeopáticos que representem a suscetibilidade individual que desejamos diminuir pelo tratamento, sintomas esses de grande valor? Evidenciando essas manifestações sintomáticas peculiares, temos o conhecimento do poder patogenético dos medicamentos experimentados e descritos nas Matérias Médicas, para 'escolher entre eles um cujas manifestações sintomáticas possam constituir uma doença artificial tão semelhante quanto possível à totalidade dos sintomas principais da doença natural a ser curada'? Isso feito, sabemos precisar a dose ou a potência correta a ser administrada para despertar a reação vital sem causar grandes perturbações ao enfermo? No retorno do paciente, temos condições de avaliar se a melhora ocorrida relaciona-se ao medicamento administrado ou é fruto de outras variáveis (relação médico-paciente, efeito placebo, mudanças no modo de vida, etc.)? No caso de não ter ocorrido uma melhora evidente, saberemos detectar obstáculos à cura que estariam atrapalhando a boa evolução do caso? Caso o medicamento não tenha sido eficaz, estamos habilitados para retomar o caso desde o início reavaliando a nossa conduta? Saberemos detectar os nossos preconceitos, que podem estar obscurecendo a visão nítida da essência do paciente? etc.

Como 'limites da homeopatia', podemos enumerar aqueles relacionados à deficiência de medicamentos corretamente estudados ou experimentados no indivíduo sadio; a confecção de Repertórios que sejam cada vez mais fidedignos às Matérias Médicas; o preparo de medicamentos que sigam as especificações das substâncias outrora experimentadas; a falta de instrumentos de precisão para mensurar a energia vital humana e dos medicamentos, a fim de conhecermos melhor suas leis; etc.

Temos que considerar ainda os 'limites do paciente', que precisa estar disposto a relatar todos os seus sofrimentos e suscetibilidades ao médico homeopata, nas mais diversas esferas de sua individualidade (física, psíquica, emocional, afetiva, social, familiar, de trabalho, de lazer, etc.), dedicando-se, a posteriori, a uma observação constante dos seus modos de pensar, sentir e agir, procurando entender as causas profundas que o fizeram adoecer, 'conhecendo-se a si mesmo'.

Devemos frisar que o entendimento íntimo do ser humano é um trabalho árduo, que deve ser adquirido gradativamente, segundo o interesse e o esforço que cada um empregue nesta tarefa de auto-análise, estando nesse conteúdo de conflitos, frequentemente, os fatores que predispõe o indivíduo a manifestar sua enfermidade física.

Apesar de idealizarmos um modelo homeopático perfeito, acredito que os principais limites à prática homeopática residem na aplicação incorreta dos pressupostos básicos pelo homeopata, que se protege dizendo: 'comigo é assim que acontece'. Em cada reavaliação que me permito fazer, observo fundamentos que precisam ser melhorados, recebendo com isso um estímulo para estudar e trabalhar por mudanças.

 

Teixeira MZ. Limites da homeopatia. Informativo APH 1998; 10(73): 15-16.

 



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Prof. Dr. Marcus Zulian Teixeira
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